Escolas em transformação


Escolas em transformação – Parte I
Alguns conceitos apontam para as atuais perspectivas de como serão as escolas do futuro: educação 3.0, redes de aprendizagem, ecossistema comunicativo, neuroaprendizagem, entre outros. São reflexões dedicadas a pensar o futuro das escolas. Nunca viveremos uma fase escolar que não terá preocupação com mudanças. O que é pedagogicamente viável em determinada década, pode ser algo completamente inadequado para os anos seguintes. O que não quer dizer que constantes novidades devam ser o foco da escola de qualidade. É preciso cautela.
Toda novidade precisa rigorosamente ser avaliada e amplamente estudada. A verdade dos fatos é que a escola lida com vida humana, sinônimo de adaptação e evolução. O ser humano é praticamente um ser naturalmente adaptável. Mudamos de acordo com as transformações da sociedade, do modo de viver, trabalhar, etc. Mudanças fazem parte do cotidiano da vida humana. É viável que a escola também não se alinhe nessa perspectiva?
Descobertas das mais variadas possíveis sempre penetram na vida escolar, seja porque os próprios professores fazem a ponte entre a sociedade e a escola, ou os próprios alunos se encarregam disso, mesmo sem perceberem. Algumas escolas são conhecidas por acompanharem com facilidade as mudanças pedagógicas mais difundidas. Outras, no entanto, mais reservadas, mantêm-se um tanto observadoras e alteram pouca coisa no seu modo de trabalho. Tanto uma como outra não deixam de exercer seus deveres com qualidade por conta deste fator. Independente de novas metodologias, recursos inovadores ou propostas mais contemporâneas, é possível manter excelentes estratégias de trabalhos com a aprendizagem escolar.
O que se faz extremamente relevante é dedicarmos muita atenção para as escolas que não conseguem atrair e envolver seus alunos como deveriam. As instituições escolares que mais necessitam de mudanças e transformações em suas práticas nas salas de aula são aquelas que não possuem um quadro de professores que convive como uma verdadeira equipe, pois isso reflete negativamente no conjunto pedagógico, ainda que não seja algo facilmente perceptível.
Escolas onde os professores constantemente precisam mandar os alunos para fora da sala, que possuem coordenadoras ou diretoras que vivem acudindo diversas reclamações de alunos e pais, precisam entender que quando existe um trabalho bem estruturado, de qualidade, totalmente eficiente, a equipe de professores é a primeira a refletir aspectos positivos, porque conseguem facilmente uma harmonização de trabalho entre a equipe, o que influencia diretamente na qualidade das aulas e por sua vez gera um clima bastante favorável entre pais, alunos e professores. O que seria o trabalho eficiente? As respostas variam, pois poderíamos pensar no projeto político pedagógico, na infraestrutura, nos recursos, no currículo e em vários outros aspectos, mas, para este artigo opto em tratar de trabalho pedagógico eficiente do ponto de vista da equipe de professores e os vínculos inter e intrapessoal que são responsáveis por boa parte do andamento da rotina escolar de qualidade.
Com vínculos inadequados entre os próprios professores e coordenação ou entre professores e alunos, todo o resto fica comprometido. De que adiantam excelentes currículos e projetos políticos pedagógicos se nas salas de aula não acontecerem relacionamentos extremamente positivos? Pais e escola quando bem sintonizados e verdadeiramente comprometidos são os grandes responsáveis pela existência de bons vínculos.
Quando as queixas são constantes, as salas muito agitadas e a indisciplina discente é uma rotina, não é preciso nenhum especialista para dar o sinal da extrema necessidade de transformações. Em muitos casos a reconstrução do vínculo saudável entre professor e aluno é uma estratégia eficaz, afinal, a aprendizagem é uma interação entre sujeito e objeto, o que significa dizer que aprender requer vínculo, logo, se entre os atores principais, professores e alunos, não houver este vínculo de forma estável, que gera segurança e leva à satisfação, o trabalho fica realmente prejudicado. Um aluno que poderia ser disciplinado e estudioso, não consegue ser assim quando seu vínculo com o professor é mais negativo do que positivo.
Outro fator essencial é a maneira de acolher as queixas dos pais, pois quando estes se posicionam de forma insatisfatória, também surgem reflexos indesejados nos alunos. Escolas que ouvem os pais, acolhem suas críticas, criam estratégias de melhorias e fazem o mesmo com professores e alunos, conseguem manter um cotidiano escolar baseado em equilíbrio, trabalho de qualidade e clima agradável entre todos os participantes diretos e indiretos.
Vejam, por exemplo, o conceito de educação 3.0 que vem sendo cada vez mais discutido em nossa sociedade. Percebo que o tema não foi amplamente estudado e refletido, como vejo que ainda será, mas, mesmo assim, já aponta dimensões para transformações, ou, melhor ainda, mostra possibilidades de melhorias que de fato já podem fazer parte da rotina de muitas escolas. “Para nós, educação 3.0 é sinônimo de uma escola aberta, gostosa e participativa, onde alunos, escola, família, professores e sociedade, todos juntos, possam ter a consciência e a humildade para aprender” (Marcos Melo, Diretor da Revista Aprendizagem).
Celso Antunes diz que educação 3.0 é uma forma de explicar “o advento de novos momentos e novas perspectivas em educação. É chegada a hora de esquecer as limitações, darmos as mãos e seguirmos em direção ao futuro” (Matéria da Revista Aprendizagem nº35).
Esta é apenas a parte I, continuaremos a reflexão na próxima coluna.
Fonte: http://www.robertapimentel.com.br/2013/06/30/escolas-em-transformacao/

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